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Com o Segundo Bebê a Caminho, Como Evito que o Primeiro Se Sinta Rejeitado?

  • Jane Lúcia M. S. Cabral
  • 31 de mai. de 2017
  • 5 min de leitura

Uma amiga querida escreveu, "Eu estou preparando-me para a chegada do segundo bebê , como vocês lidaram com isso ? Digo, em relação a explicar para o irmão mais velho a chegada do irmão mais novo, ciúmes, o grude eterno na mamãe, contem-me as experiências de vocês e o que fizeram ou estão fazendo . Nós lemos tantas teorias, mas eu quero saber na prática, mesmo, o que funcionou.". Achei este questionamento ótimo! São tantas perguntas que vão surgindo à medida que os bebês vão nascendo. E não há necessidade de seu primogênito se sentir rejeitado ou abandonado porque você o substituiu por um irmãozinho - sim, esses são os entimentos que ele pode ter e as reações que ele tem recebem o nome de "ciúme". Na verdade, seu instinto de sobrevivência só o está advertindo de que sua sobrevivência está ameaçada porque a sua cuidadora e protetora está cuidando e protegendo outro e ele não pode arriscar-se - nosso instinto de sobrevivência é grande e é ele que nos mantém vivos!

Mas, temos que mostrar que ele não corre perigo, que não está sendo abandonado ou trocado, ao contrário, ele é que recebeu a designação de cuidar e proteger!

Eu posso compartilhar como isso funcionou comigo. Como mãe de 5 filhos, sei muito bem que a chegada de cada bebê gera ansiedade na família inteira. E como evitar que seu primogênito e seus irmãozinhos se sintam rejeitados?

Eu tive nove meses para ponderar, antes que, minha segunda filha nascesse, e fiz um plano. Ensinei esta técnica para minha filha usar com seu primogênito, também deu certo.

Como minha primogênita tinha 11 meses e meio, quando sua irmãzinha nasceu, nem tentei explicar-lhe muito sobre o bebê na barriga da mamãe. Uma coisa é certa, só precisamos dar as informações que nossos bebês pedem e da forma mais simples possível, eles estão descobrindo o mundo, saber que ele existe é o suficiente, não precisam saber as fórmulas de física e química que o mantém. Se seu bebê questionar sobre sua barriga, ou por que ela está mechendo-se, pode explicar que seu irmãozinho está crescendo lá dentro e logo estará aqui fora para ele cuidar. Ele não vai saber o que é irmãozinho, mas vai aguardar a chegada dele para descobrir.

Sempre que falar do irmãozinho, fale como ele vai amar o seu irmãozinho, como vai cuidar tão bem dele, como eles serão amigos, como ele vai protegê-lo e amá-lo e ler historinhas para ele e brincar com seus brinquedos com ele e como a vida será divertida com seu irmãozinho - isso vai ajudá-lo a criar uma ideia positiva desse tal "irmãozinho" - "Ainda não sei o que é, mas deve ser uma coisa boa", ele vai pensar.

Convide-o a dobrar as roupinhas do bebê e colocá-las nas gavetas, explicando, com carinho, como ele vai ajudar seu irmãozinho a vestir-se e a tomar banho e a passear ao Sol... Estes momentos criarão nele a sensação de que ele fará parte de tudo na vida desse seu irmãozinho. Pode fazer-lhe perguntas como, "Qual roupinha o seu irmãozinho vai usar no primeiro dia; Será que ele vai gostar de qual brinquedo; o que você vai fazer para cuidar do seu irmãozinho", assim, esse bebê, já vai pensando que esse tal irmãozinho deve ser parecido com ele.

Quando o bebê nascer, esse é o grande momento e tem que ser feito muito bem!

Respire fundo, porque vai precisar. Assim que seu bebê encontrar pela primeira vez com seu irmãozinho, apresente-lhe, faça-o sentar-se bem sentadinho e ponha o irmãozinho no seu colo - é claro, ou você ou o papai vai segurar o recém-nascido o tempo todo - então, diga-lhe, "este é seu irmãozinho, cuide dele". Está feito! O elo está formado!

Ele vai olhar admirado para o irmãozinho, vai tocá-lo - fique calma!

Neste momento, não eleve a voz, não se assuste, eles sempre querem colocar o dedinho no olho do bebê, é só segurar-lhe a mão com delicadeza e dizer que o bebezinho pode ficar machuccado, então, ensine-o a fazer carinho, segurando sua mão e guiando-a no carinho, repetindo sempre, "carinho no bebê, carinho", com uma voz mansa e delicada.

Isso vai durar um minuto, logo ele não vai mais querer segurar o bebê, porque já ficou cansado, mas ele entendeu que ele tem um irmãozinho para cuidar e que seu lugar está seguro.

Isso funcionou muito bem, na apresentação. Mas, tem o dia a dia. Lembre-se que o bebê não é seu, é do seu primogênito e ele deve ajudá-la em tudo. Se seu filho estiver em seu colo e o bebê começar a chorar, o que você fará? Vai largar seu filho e pegar o bebê? Eventualmente, sim, mas espere seu filho pedir. Ele vai perceber que o bebê está chorando e que você não o deixou por causa disto e vai chamar sua atenção. Você, ainda, pode dizer, mas a mamãe está lendo uma historinha para você, agora, para que ele sinta que você não menospreza as atividades que fazem juntos e que o bebê é mais importante para você, "É só o bebê chorar e minha mãe sai correndo e me deixa" - este é um sentimento que precisa ser evitado, precisamos prestar atenção!

Neste momento, você vai com seu filho ver o bebê, pega-o no colo e pergunta o que será que ele quer? Se seu filho não tiver alguma ideia, você pode sugerir algumas coisas e perguntar o que ele acha que vocês devem fazer para o bebê parar de chorar.

Quando seu bebê estiver no carrinho, convide seu filho a fazer-lhe companhia, conversar com ele, embalançar o carrinho para acalmar o bebê, empurrar o carrinho enquanto ele consegue (uns 30 segundos, hahaha).

O importante é fazer seu filho entender que o irmãozinho é dele, ele que cuida. Hora de trocar a fralda, deixe seu filho ajudar. Hora do banho, deixe seu filho ajudar. Na verdade, dê a seu filho o sentimento de que ele está fazendo e que você o está ajudando, porque é isso que está acontecendo. Ele ganhou um irmãozinho, ele cuida do irmãozinho, mas como ele é muito pequeno, você o ajuda!

É claro, tudo isso bem supervisionado, mas, nem sempre conseguimos supervisionar muito bem. Minha primogênita amava bananas, ela comeria uma dúzia de bananas num só dia, se deixássemos, e isso com um aninho. Um dia, o bebê chorou e, depois, parou, fui correndo ver e lá estava minha filhinha alimentando sua irmãzinha - ela colocara uma banana inteira, com casca e tudo, na boca de sua irmãzinha de 2 meses!

Quando cheguei, ela falou, "a nenê estava com fome". Naquele momento, eu soube que ela cuidaria de sua irmãzinha o resto de sua vida!

E assim foi com os cinco filhos! Sinto por nosso caçula não ter tido a oportunidade de ter seu próprio bebê para cuidar, mas, como único menino da família, logo ele entendeu que tinha que cuidar de todas as suas irmãs, e ele sempre o fez!

Se não criamos competições no lar, não há como eles competirem uns com os outros!

O lema de nossa família é "Um por todos e todos por um", repeti isso para eles, sempre e procuramos viver isso na família, sempre.

E isso começa quando seu bebê tem um bebê para ele cuidar!

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